Fundada em 2013, por quatro sócios – Pedro Nicolau, Sofia Bastos Santos, Rui Couto e Ana Rosado – a askblue apoia as empresas e organizações nos processos de transformação digital, bem como na definição das suas estratégias de estruturação de negócio.
No ano passado, uma das apostas da empresa foi o crescimento internacional, investindo numa equipa dedicada que desenvolveu mercados como o Médio Oriente e o Norte da Europa. Agora tem em curso vários projetos no Dubai, na Arábia Saudita e na Holanda.
O CEO Pedro Nicolau falou ao Link To Leaders do percurso e dos objetivos do projeto para este ano. Apesar das contingências provocadas pela pandemia, continua a ter a ambição de superar os 14 milhões de euros e de chegar a uma equipa de 350 pessoas.
De que forma a askblue se está a adaptar a este novo contexto de pandemia da Covid-19?
Conseguimos, num curto espaço de tempo, adaptarmo-nos bem a este novo contexto. Felizmente, as características do nosso negócio permitem que seja possível realizar a totalidade do trabalho remotamente. No entanto, tivemos de garantir algumas condições para que não houvesse quebra de produtividade. Por um lado, acesso à totalidade dos sistemas informáticos dos nossos clientes, o que demorou cerca de duas a três semanas, e, por outro lado, ajuste das metodologias de trabalho que permitissem aos nossos colaboradores continuar a trabalhar em equipa, apesar de separados fisicamente.
Uma vez que a nossa atividade requer uma grande interação com o cliente ao longo do projeto, foram também adaptadas e replaneadas as reuniões de trabalho. Assim, estas passaram a ser mais curtas e mais frequentes.
Ao nível da gestão da empresa e dos departamentos, também tivemos de nos adaptar. O objetivo principal foi manter a rotina, o acesso visual através de ferramentas de colaboração e vídeo chamadas, manter a motivação de todos e a comunicação entre equipas.
Finalmente, dinamizámos a comunicação interna, através da nossa rede social interna, aumentando a frequência de informação e promovendo e incentivando a participação.
“(…) as maiores conquistas que tivemos foram conseguir ser uma empresa apelativa para captar e reter os melhores profissionais (…)”
Que balanço faz destes sete anos de atividade? E que conquistas tem no horizonte para os próximos sete?
O balanço é muito positivo. Consideramos que as maiores conquistas que tivemos foram conseguir ser uma empresa apelativa para captar e reter os melhores profissionais, e, ter a confiança dos clientes para desenvolver projetos críticos e de transformação. Esta deverá ser também a base da fórmula para atingir o sucesso no futuro.
Para os próximos sete anos, o nosso objetivo é desenvolver e crescer nos mercados internacionais, e aprofundar a nossa presença nos setores não financeiros. Queremos reforçar o nosso reconhecimento como uma empresa de referência em Portugal, quer pela sua capacidade de propor soluções de valor acrescentado, quer pela qualidade e experiência dos seus profissionais.
Sabemos que, para continuarmos a crescer a um ritmo acelerado, vamos ter de lidar com novos desafios, nomeadamente manter o nível elevado de qualidade dos nossos serviços, apostar na especialização técnica e funcional, desenvolver ofertas competitivas e sermos inovadores.
Quais os países regiões que são neste momento a aposta da askblue ao nível da internacionalização?
O Norte da Europa e Estados Unidos. Em ambos os mercados já temos parceiros estabelecidos e projetos em curso.
Quanto faturaram no último ano e o que mais contribui para os resultados?
Faturámos 10,8 milhões e o setor financeiro foi o mercado que mais contribuiu.
“Acreditamos, com a base de informação de que dispomos atualmente e a incerteza associada, que iremos continuar a crescer este ano a dois dígitos (…)”
Quais as perspetivas para este ano? Vão conseguir atingir ao 14 milhões de euros como previsto?
As perspetivas para 2020 eram muito positivas antes de conhecermos esta situação da pandemia. Já foi apurado o primeiro trimestre deste ano e estivemos em linha com o planeado, tanto em volume, como em margem, tendo sido o melhor trimestre de sempre da empresa.
Hoje em dia, o futuro é menos previsível. Sabemos que o nosso setor não é dos mais afetados diretamente, mas os clientes, uns já nesta fase e outros mais tarde, vão sofrer impacto negativo na sua atividade, quer pela redução da faturação quer pelo aumento de custos e, portanto, no futuro poderão recorrer a menos serviços externos.
No entanto, pelo facto de a askblue estar maioritariamente a prestar serviços “core business” em grandes clientes, que dão suporte à atividade diária, não é previsível que os nossos serviços sejam muito afetados. Acreditamos, com a base de informação de que dispomos atualmente e a incerteza associada, que iremos continuar a crescer este ano a dois dígitos, mas tudo dependerá, naturalmente, da evolução da situação ao nível sanitário e, em seguida, da saúde.
Quantos clientes têm atualmente? E quais os setores predominantes?
Temos 33 clientes ativos e o setor predominante é o financeiro, mas temos vindo a desenvolver soluções e projetos em áreas muito diversas, de que é exemplo o retalho.
Quais as soluções da askblue mais requisitadas?
As respostas às solicitações do mercado são apresentadas em quatro vertentes distintas. Em primeiro lugar, numa abordagem de consultoria, propondo o desenvolvimento de projetos de melhoria do desempenho através da reorganização e otimização dos processos de negócio. Uma segunda abordagem é tecnológica, desenvolvendo soluções à medida em plataformas OutSystems, Java e Microsoft .NET.
Outra das vertentes é a gestão da manutenção e evolução do parque aplicacional dos nossos clientes, para o qual temos o nosso askblue technology center (ATC), garantindo deste modo a adoção de novas tendências de mercado, tais como a transformação digital. Por último, e complementando as equipas dos clientes, reforçamos as mesmas com profissionaid da askblue que disponham das skills necessárias nas mais diversas áreas técnicas, metodológicas e funcionais.
As empresas nacionais têm já a capacidade de lançar desafios e de analisar propostas de valor?
As empresas nacionais com que trabalhamos são, em média, extremamente bem organizadas e geridas, tendo profissionais exigentes e competentes. Nesse sentido, os projetos que desenvolvemos são complexos e desafiantes, do ponto de vista do negócio e também do ponto de vista tecnológico.
”(…) é hoje uma realidade a afirmação das fintech e a necessidade que as entidades tradicionais têm de se transformar para não perderem a sua posição de liderança”.
Numa altura em que as fintech começam a ganhar, cada vez mais, relevo em Portugal, a askblue poderá ser o parceiro certo para transformar uma organização e dotá-la do que é necessário para competir neste setor?
As entidades financeiras tradicionais estão hoje amarradas ao seu “legacy system”, a uma pesada estrutura organizacional e têm de estar continuamente a dar resposta aos requisitos regulatórios exigidos pelos bancos centrais. No entanto, é hoje uma realidade a afirmação das fintech e a necessidade que as entidades tradicionais têm de se transformar para não perderem a sua posição de liderança.
A askblue é claramente um parceiro ideal para apoiar as entidades financeiras no seu processo de transformação. Temos várias vantagens neste processo: conhecemos o negócio do setor financeiro, o que nos permite ter abordagens inovadoras, pensar nos desafios do futuro e, simultaneamente, que estas abordagens sejam compatíveis com os requisitos regulatórios. Adicionalmente, dominamos as atuais e novas tecnologias permitindo, desta forma, implementar dentro do “time to market” os novos modelos e serviços que se venham a adotar.
Quais são as características que permitem que uma empresa, apesar de jovem, tenha conseguido implementar-se de forma tão efetiva?
Creio que a razão do sucesso se deve a um conjunto de fatores. Em primeiro lugar, temos uma equipa com uma grande experiência, conhecimento do mercado e reconhecimento. Estes fatores levam a que os clientes tenham confiança nas equipas da askblue com que interagem, que asseguram uma elevada qualidade da entrega. Por último, ou eventualmente até em primeiro lugar, pensámos grande desde o início, definindo uma estrutura organizacional a pensar no crescimento da equipa e da organização.
“Cometer erros faz parte do processo de crescimento da empresa e devem ser compreendidos e corrigidos (…)”
Olhando para trás, o que faria de diferente, se tivesse oportunidade?
De forma geral, considero que as decisões mais importantes foram bem tomadas. Incluo aqui as fundamentais, ou seja, a estratégia e posicionamento da empresa, a nossa organização e oferta, etc. Esta é a vantagem de termos iniciado a atividade com uma equipa de gestão com experiência.
No entanto, e como é natural, também fizemos algumas escolhas que se revelaram menos acertadas, como a do primeiro ERP, que não se revelou adequado, de algumas parcerias que não eram as melhores para o mercado português, e alguns profissionais que não se adaptaram ao nível de exigência pretendido e à cultura empresarial. Cometer erros faz parte do processo de crescimento da empresa e devem ser compreendidos e corrigidos de modo a que a organização se torne cada vez mais eficiente.